quinta-feira, 4 de outubro de 2007

* Fotos


Emilie Preiswerk e Paul Jung à época do casamento deles.
(Retirada do livro Jung, uma biografia - Deirdre Bair).

Jung aos seis anos de idade. (Retirada do livro Jung,
uma biografia - Deirdre Bair).


Carl Gustav Jung como jovem médico, 1900. (Retirada do livro
“Jung, uma biografia”. Deidre Bair).

C. G.J. à direita, aos dezessete anos de idade, com dois amigos no
Haltingermoos. Foto retirada do livro “Jung, uma biografia” -
Deirdre Bair.

Jung e colegas na Clark University. Sentados da esquerda para a direita:
Freud, G. Stanley Hall e Jung. De pé: A. A Brill, Ernest Jones e Sandor
Ferenczi.

Emma e Jung. (Foto retirada do livro “Jung, uma biografia”- Deidre Bair).

Eugen Bleuler. (Foto retirada do livro “Jung,
uma biografia”- Deidre Bair).

Jung na Torre. (Foto retirada do livro "Jung,
uma biografia”-Deirdre Bair).


A torre Bolligen vista do lado Zurique. (Foto retirada do livro “Jung,
uma biografia” - Deirdre Bair).


A torre da casa de Jung em Kusnacht. (Foto retirada do livro “Jung, uma biografia” - Deidre Bair).

Jung. 1928-1929. Foto retirada do livro "Jung, uma biografia”
-Deirdre Bair.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Carl Gustav Jung

* Dados biográficos


Carl Gustav Jung nasceu em Kesswil, Suíça, no dia 26 de julho de 1875. Filho de Paul Achilles Jung e Emilie, não recebia muita assistência dos dois. Seu pai era um pastor extremamente devoto, e sua mãe, uma mulher deprimida que passava horas em reclusão, vendo espíritos.
Quando Jung tinha seis meses de nascido, foi morar com a família em Laufen, devido a uma transferência de Paul. O casal tinha um casamento infeliz e dormia em quartos separados, Carl ficava no mesmo quarto que seu pai.
Jung, ainda criancinha, ouvia muitas histórias de Emilie sobre supostos
espíritos que rondavam sua casa e mesmo proibido pelos pais, chegou a ver sangue de corpos de pessoas que morriam afogadas ou por suicídio, e que Paul armazenava na lavanderia, até que fossem enterrados. O menino vivia perturbado com vários sonhos e pensamentos, dos quais se lembrou durante toda a sua vida; era uma criança solitária, passava muito tempo usando sua imaginação e criando brincadeiras.
Emilie ficou internada em uma casa de repouso por meses e Jung se hospedou na casa de Gusteli, uma tia vinte anos mais velha que sua mãe. Paul sentiu falta do filho e foi buscá-lo. Ao voltar, Carl ficou sob os cuidados da empregada da casa, além de receber visitas de Bertha Schenk, que o levava pra passear e que curiosamente, anos mais tarde tornou-se sua sogra.
Em 1879, Jung e seus pais se mudaram outra vez. Foram para Kleinhuningen, um vilarejo rural. Em 1881, ainda morando lá, Carl, aos seis anos de idade, começou a freqüentar a escola rural. Era o mais adiantado da turma e além de já saber ler, estava aprendendo latim. O menino, em companhia dos colegas, fazia várias travessuras.
Em 1884, Jung ganhou uma irmã. Mesmo dormindo em quartos separados, Emilie engravidou outra vez. Sua filha, Johanna Gertrud nasceu muito magra, e com medo de que ela não sobrevivesse, Emilie a superprotegeu. Durante um ano, ela não deixou as pessoas se aproximarem da menina, de modo que Jung não estabeleceu laços afetivos com a irmã, ele a tratava com educação, mas era indiferente a ela. Já Johanna, fazia de tudo para agradá-lo.
Aos 11 anos, Jung começou a se interessar por Deus. Com essa mesma idade, foi matriculado no Ginásio de Basiléia. Lá se deparou com crianças ricas, que sempre estudaram e sabiam falar francês e alemão. Jung, por ser pobre, sentia-se inferior a elas. O melhor aluno da escola rural não teve os mesmos resultados em Basiléia. Ele tinha facilidade em várias matérias, especialmente biologia, mas não conseguia entender matemática. Nessa época se desinteressou pela escola.
No ano de 1887, após as aulas, Jung estava na Praça da Catedral esperando um colega que costumava voltar com ele para casa, quando de repente, foi jogado no chão por um garoto. A pancada foi tão forte que ele ficou semiconsciente. Depois disso, Jung desmaiava sempre que tentava estudar e, por recomendação médica ficou uns meses sem ir à escola.
Durante o período em que ficou repousando, passava seus dias desenhando e brincando no rio; para ele aquele episódio significou sua liberdade da escola. O tempo passava e Jung continuava com os mesmos sintomas de desmaios, sempre que lia algo. Paul e Emilie se preocuparam com o estado do filho, e um médico chegou a suspeitar que ele tivesse epilepsia.
Um dia, Jung ouviu uma conversa de seu pai com um amigo. Paul estava comentando que era pobre e não sabia como o filho iria se sustentar no futuro se tivesse uma doença incurável. Na mesma hora o menino foi para a biblioteca do pai, se concentrou e tentou estudar gramática. Inicialmente sofreu desmaios, mas depois se recuperou e pôde voltar à escola.
De volta ao Ginásio de Basiléia, Jung se transformou em um garoto muito estudioso. Queria “ser alguém” e conseguir isso com seu próprio esforço. Tirava notas excelentes, menos em matemática, cuja matéria ainda possuía dificuldade. Também fez amizades com alguns colegas.
Anos se passaram e chegou a hora da escolha profissional. Optou por medicina, e em 1895 foi para a Faculdade de Ciências Naturais da Universidade de Basiléia, Suíça. Em janeiro de 1896, seu pai faleceu, vítima de um câncer. Com a morte de Paul, Jung se responsabilizou pela família. A relação que tinha com o pai era complicada, ele o via como um homem fraco, que seguia dogmas religiosos, sem questioná-los. Jung teve inúmeras brigas com Paul, pois pensava muito diferente do pai.
Jung se formou em 1900, como psiquiatra. Pouco tempo depois, conseguiu um emprego de médico assistente no Hospital Burgholzli, em Zurique e foi morar em acomodações do hospital no dia 10 de dezembro de 1900. Eugen Bleuler, o diretor do local, era considerado um dos melhores psiquiatras do mundo. Dois anos depois, em 1902, foi promovido a primeiro assistente e nesse mesmo ano defendeu sua tese de doutorado.
Em 6 de outubro de 1901, Jung ficou noivo de Emma Rausenchenbach. Segundo ele, se apaixonou desde a primeira vez que a viu, na escada de sua casa, quando foi visitar Bertha Schenk, mãe da moça, em 1899. Jung demorou muito tempo para conquistar sua amada, uma moça inteligente e estudiosa. Eles se comunicavam por cartas e Carl sugeria livros de literatura e psicologia para ela ler. Os dois tinham muitas coisas em comum.
Emma queria estudar na Universidade de Zurique, na área de ciências naturais, mas foi impedida pelo pai, Johannes Rausenchenbach Jr., cuja opinião era que ela deveria aprender coisas relativas ao lar e que não deveria se misturar com as pessoas que freqüentavam a faculdade. Sua família era rica, e Jung, um pobre médico assalariado.
À medida que foi conhecendo Jung, Emma viu nele várias qualidades. Além de achá-lo bonito, imaginou que ele sempre a incentivaria a adquirir conhecimentos, o que era essencial a ela, já que desejava ser mais que uma dona de casa. Casaram-se em 1903. Ao todo, o casal teve cinco filhos e Emma, para cuidar deles, teve que deixar sua atividade profissional de lado por um tempo.
Quando engravidou do terceiro filho, ela exigiu que Jung comprasse uma casa. Já estava insatisfeita com sua vida matrimonial e ouvia rumores de que o marido tivesse uma amante. Ele comprou um terreno às margens do lago de Zurique, na Seestrasse.
Em 1907 Jung conheceu Freud. Ele já tinha lido seu livro “A interpretação dos sonhos” em 1900 e relido em 1903. Jung concordava com Freud em muitos aspectos, pois em sua prática profissional, via que muitas coisas ditas por ele se confirmavam, como por exemplo, o recalque. Naquela época, Freud estava desafiando os padrões vigentes e não era visto com bons olhos no meio cientifico. Mesmo assim, Jung o defendia, chegando até a pôr sua carreira em risco.
Freud o convidou para ir a sua casa em Viena e eles conversaram por treze horas seguidas. Os dois se tornaram muito amigos. Jung discordava dele na questão de que as neuroses sempre eram causadas por traumas ou recalques sexuais, mas Freud insistia em sua teoria. Ele achava Jung a pessoa ideal para levar a Psicanálise adiante. Considerava Jung como um filho que iria o suceder. Em 1910 foi fundada a Associação Psicanalítica Internacional e Freud fez com que Jung fosse nomeado presidente.
Os dois cortaram relações em 1912, quando Jung publicou o livro “Metamorfoses e símbolos da libido”, que pregava idéias diferentes das de Freud. Jung não acreditava na primazia do instinto sexual, ele dava importância a outros elementos, também, como os arquétipos universais. Em 1913 Jung, brigado com Freud, fundou a Psicologia Analítica.
Jung fez várias viagens que o auxiliaram em seu aprendizado, além de propagar suas idéias. Entre 1924 e 1925 visitou povos indígenas no Novo México. Ainda em 1925 foi em Uganda e Quênia, na África. Conheceu o Rio Nilo e visitou a tribo dos aborígines Elgonys no Monte Elgon, onde adquiriu conhecimentos sobre a vida e religião desse povo. Em 1933 conheceu o Egito e a Palestina. Em 1938 foi à Índia e entrou em contato com a religião hindu.
Além de sua casa em Zurique, Jung quis ter uma casa de campo. Para isso, comprou um terreno em 1922, localizado entre Schmerikon e a aldeia de Bolligen. Inicialmente, construiu uma torre. Com o passar do tempo, foi ampliando-a até ficar pronta em 1955. No local não havia eletricidade, nem água encanada.
Depois de finalizada, ele percebeu que a construção era um símbolo da sua totalidade psíquica. Quando estava lá ele dedicava-se à escrita, escultura de pedras, e pintura de murais. Desde que foi construída, Jung ia sempre para lá, entretanto, em 1961 não pôde fazer isso, pois adoeceu, morrendo em 6 de junho do mesmo ano.
3.2- Dados profissionais
Ao pensar na sua escolha profissional, diz-se que Jung teve grande dificuldade, pois seus interesses abrangiam diferentes áreas de estudo. Além das ciências naturais, ele tinha interesse pela história relacionada às religiões. No campo das ciências naturais, se interessava pela zoologia, geologia e paleontologia. Dentro da história, voltava-se para a arqueologia de povos como os egípcios e greco-romanos, além da pré-história. As naturais, com suas comprovações e antecedentes de certa forma o satisfaziam por conta da realidade concreta e objetiva que apresentavam; já as humanas também o fascinavam, mas por um aspecto oposto ao anterior, abriam espaço para a subjetividade, para a problemática espiritual e a filosofia. Durante esse processo de escolha, o pai de Jung parece ter dado liberdade para que optasse, porém não queria que o filho fosse teólogo.
Jung acabou fazendo o curso de medicina, depois de concluído, começou a se dedicar à psiquiatria, como assistente do professor Eugene Bleuler no Burgholzi Psychiatric, Hospital da Universidade de Zurique, interessando-se principalmente pela esquizofrenia. Por conta de seu grande interesse por distúrbios mentais, Jung desenvolveu profundos estudos que o levaram à conclusões que o aproximaram a Freud no ano de 1907.
Freud o viu como a pessoa ideal para levar adiante suas teorias. Jung, chefe do hospital de Zurique, apoiou Freud, mesmo sabendo que poderia comprometer sua carreira e que as teorias do mestre possuíam limitações comprometedoras. Ao tomar a defesa de Freud, passou a fazer parte do grupo de importantes colaboradores do movimento psicanalítico.
No ano de 1905, tornou-se professor de psiquiatria, passou a ocupar o mesmo cargo do médico-chefe na clínica já citada acima. Permaneceu durante quatro anos nessa colocação, pois foi obrigado a deixá-la por conta de sua grande carga de trabalho. A sua clientela particular aumentou de tal forma que se tornou muito difícil prosseguir com o outro trabalho.
Além disso, ministrou cursos de psicopatologia, sobre os fundamentos freudianos e a psicologia dos primitivos. Durante os semestres iniciais os cursos eram principalmente sobre o hipnostismo, os trabalho de Flournoy e Pierre Janet. Depois, o foco passou a ser o problema da psicanálise freudiana.
Entre o ano de 1904 e 1905, Jung organizou na clínica psiquiátrica um laboratório de psicopatologia experimental e com um alguns alunos estudava as reações psíquicas. Seus trabalhos foram veiculados em revistas americanas especializadas, devido a isso, foi convidado para realizar conferências pela Clark University.
Em 1909, Jung percebeu que não se podia tratar uma psicose latente sem que houvesse uma compreensão das suas simbologias, e por esse motivo, começou a estudar a mitologia. Num dado momento, os estudos de Jung o levaram a discordar e divergir da psicanálise de Freud, ocorrendo a ruptura no ano de 1912. Depois disso, Freud se sentiu traído e Jung se viu desesperado, pois conhecidos e amigos o repudiaram.
Carl passou um período muito delicado de sua vida, o que interferiu diretamente em sua profissão. A partir daí, abandonou as atividades acadêmicas e continuou seu confronto com o inconsciente de forma solitária.

* Contribuição para a psicologia

Jung contribuiu muito para o conhecimento de fenômenos relacionados à Psicologia. Consta abaixo um resumo de suas obras e idéias:
A energia psíquica:
Os psicólogos da consciência afirmavam que a psique, consistia apenas em processos conscientes, e que a partir disso, postular uma Energia Psíquica seria suficiente. Entretanto, segundo Jung, como estamos convencidos de que os processos inconscientes são também da competência da Psicologia e não apenas da Fisiologia do cérebro, vê-se na necessidade de assentar o conceito de energia em uma base um pouco mais ampla.
A Prática da Psicoterapia:
Nesse livro, Jung mostra não somente indicações quanto os fundamentos e princípios que orientam a concepção prática de sua teoria. Além disso, é como um guia para a compreensão histórica do fenômeno da transferência, a que Freud já atribuíra uma grande importância. Nesta obra é transmitida uma imagem clara da enorme quantidade de fatores relacionados a questão psicoterapêutica, bem como dos seus fundamentos empíricos.
 A Vida Simbólica: Escritos Diversos:
Este livro se trata de vários textos que foram publicados em lugares e épocas diferentes, mas agora reunidos e classificados segundo a temática. Todos tratam dos diversos temas com os quais Jung se ocupou do ponto de vista científico. Além das questões da práxis psiquiátrica, são abordados também problemas do ocultismo e do espiritismo.
 Ab-reação, análise dos sonhos, transferência:
Expor os fenômenos da transferência é tarefa das mais delicadas, esse é o tema básico desse volume. E uma questão bastante ampla e heterogênea. O fenômeno da transferência é sem dúvida alguma das síndromes mais importantes e decisivas do processo de individuação e significa mais do que uma simples atração e repulsa da ordem pessoal. Graças a seus conteúdos e símbolos coletivos, ele ultrapassa de longe a pessoa, e atinge a esfera do social, trazendo à memória aqueles contextos humanos superiores, que faltam a nossa ordem, ou melhor, à desordem social dos nossos dias.
 Aion: Estudos sobre o Simbolismo do Si-mesmo:
Aion é uma variante para designar a era cristã que encontra seu término na parusia de Cristo e no aparecimento do Anticristo. Jung, servindo-se dos símbolos cristãos, gnósticos e alquimistas, estuda em Aion as mudanças da situação psíquica dentro do Éon cristão. O ponto central de todas as reflexões é a tentativa de esclarecer e ampliar o arquétipo do si mesmo e relacioná-lo com a figura tradicional de Cristo. Decisivo é que Cristo é visto como símbolo da totalidade universal que reúne em si todas as características de um arquétipo. A crítica psicológica de Jung se concentra na doutrina teológica da priva tio bani, segundo a qual o mal não é o contrário do bem, mas uma diminuição deste.
 Aspectos do drama contemporâneo:
Jung enfoca os famosos e discutidos ensaios sobre Wotan e Depois da Catástrofe, em que o autor pretende explicar ao mundo e a si mesmo o fenômeno do nacional-socialismo e criou o conceito de Culpa Coletiva.
 Cartas de Carl Gustav Jung: volume I:
“Ninguém está livre de sofrimento enquanto faz parte da torrente caótica da vida. Portanto, só posso repetir: não se preocupe comigo. Sigo o meu caminho e carrego o meu fardo tão bem quanto possível. (...) Não existe nenhuma dificuldade em minha vida que não seja exclusivamente eu mesmo. Ninguém deverá carregar-me enquanto eu puder manter-me sobre meus próprios pés.” (Carta a Frances Wickes, de 06.11.1926).
 Cartas de Carl Gustav Jung: volume II:
“Sou profundamente grato à psiquiatria e sempre permaneci intimamente ligado a ela, pois desde o começo preocupou-me um problema bem geral: de que estratos psíquicos procedem as idéias tão impressionantes da esquizofrenia? As questões daí resultantes distanciaram-me aparentemente da psiquiatria clínica e elevaram-me a sair pelo mundo afora. Nessas viagens aventureiras descobri coisas que jamais havia sonhado em Burghölzli; mas o modo rigoroso de observação que lá aprendi acompanhou-me por toda parte e ajudou-me a compreender objetivamente a psique alheia.” (Carta a Manfred Bleuler, de 19.08.1950).
 Cartas de Carl Gustav Jung: volume III:
“Quanto mais velho fico, mais me impressiona a fragilidade e incerteza de nosso conhecimento e tanto mais procuro refúgio na simplicidade da experiência imediata para não perder o contato com as coisas essenciais, isto é, as dominantes que governam a existência humana. (...) É bem possível que estejamos olhando o mundo do lado errado e que poderíamos encontrar a resposta certa, mudando nosso ponto de vista e olhando o mundo pelo lado correto, isto é, não de fora, mas de dentro.” (Carta ao Conde de Sandwich, de 10.08.1960).
 Estudos Alquímicos:
Jung havia descoberto uma incrível concordância entre os símbolos do mundo das imagens do inconsciente e os símbolos da alquimia. Ficava claro que as projeções alquimistas constituíam apenas um caso especial do pensamento em geral, e que também o processo da individuação se parecia com o caminho que os alquimistas já haviam trilhado a seu modo em sua época. Por mais diferente que seja a maneira como defluem a alquimia e o processo de individuação, ambos apresentam tentativas de levar o ser humano à personificação. Esta descoberta pertence aos marcos fundamentais da obra de Jung.
 Estudos Experimentais:
O método das associações foi desenvolvido por Jung, desde 1902, em Burghölzli, em prosseguimento a pesquisas realizadas no século XIX, e tornou-se a base de sua teoria dos complexos e de sua tipologia. Até hoje o experimento de associações é importante método de pesquisa do inconsciente humano e teve papel relevante na psicoterapia.
 Estudos Psiquiátricos:
No início deste século começou Jung sua carreira de psiquiatra. Durante a primeira década, três nomes, famosos nos anais da psicologia médica, influíram em seu desenvolvimento profissional: Pierre Janet, sob cuja direção estudou no Hospital Salpêtriêre em Paris; Eugen Bleuler, seu diretor no Hospital Burghölzli, de Zurique; e Sigmund FREUD a quem encontrou em 1907. Foi sobretudo Bleuler que incentivou os estudos e pesquisas de Jung e influenciou a publicação dos estudos de psiquiatria descritiva e experimental, reunidos neste primeiro volume das Obras Completas. Datam de 1902 a 1905. O volume começa com a dissertação de Jung para obtenção do título de médico: "Sobre a psicologia e patologia dos fenômenos chamados ocultos" onde já se delineia algo daquilo que será tratado em pormenores nas obras futuras. O autor reconheceu já naquela época que estes fenômenos eram manifestações dinâmicas da psique para cuja interpretação não bastava apenas um exame classificatório; os demais trabalhos casuísticos, reunidos neste volume apontam o caminho e o método para sua compreensão. As imagens significativas que brotam da psique revelam que a experiência humana é extraordinária, única e individual.
 Freud e a Psicanálise:
È fato que Jung teve influências de Freud em suas teorias e conseqüentemente em suas obras. Este volume é composto pelos escritos de Jung sobre Freud e a psicanálise, publicados entre 1906 e 1916. Embora os ensaios científicos deste volume não dêem uma visão abrangente de Freud e da psicanálise, eles nos proporcionam uma idéia das mudanças de pontos de vista de Jung sobre este tema.
 Fundamentos de psicologia analítica:
Este é o livro em que Gustav Jung expõe os fundamentos de sua psicologia analítica. É o equivalente à "Introdução à Psicanálise", de Freud. Jung expõe de maneira fácil, simples e precisa, o A B C da psicologia analítica, as linhas básicas em que se pauta todo o pensamento junguiano.
 Memórias, Sonhos e Reflexões - Autobiografia escrita em conjunto:
Sua autobiografia, Memórias, Sonhos, Reflexões, foi escrita em parceria com sua discípula Aniela Jaffé, começa de forma mais significativa: “Minha vida é uma história de um inconsciente que se realizou".
 Misterium Coniunctionis 1: pesquisas sobre a separação e a composição dos opostos psíquicos na alquimia:
Esta obra nasceu do conhecimento que Jung tinha de que uma grande parte da problemática do homem moderno já se antecipa naquilo que os alquimistas chamavam de "arte" ou o seu "processo". O autor procura oferecer um quadro da problemática da alquimia filosófica, abordando seu problema central: a unificação ou superação dos opostos. Consegue desta forma demonstrar "que o mundo alquímico dos símbolos está na mais viva correlação com as mais novas experiências e conhecimentos da psicologia do inconsciente". Ao perscrutar esses símbolos, Jung traz à luz a relação que eles têm com os processos existentes no inconsciente do homem. Estes podem manifestar-se nos sonhos, nas fantasias espontâneas ou nas alucinações. Mas também servem de fundamento igualmente à obra de arte e às religiões.
 Misterium Coniunctionis II:
Como no volume I, trata da grande problemática do homem modero no já se antecipa naquilo que os alquimistas chamavam de “arte” ou o seu “processo".
 Misterium Coniunctionis 3:
No volume complementar dos dois volumes de Misterium Coniunctionis, a discípula de Jung, Marie Louise von Franz, edita e comenta um texto alquímico raro da Idade Média que nos dá uma visão perfeita dos processos descritos por. Jung, mostrando ao mesmo tempo como a tradição alquimista relativa ao símbolo nos dá uma visão mais inconsciente do que refletida sobre os conteúdos anímicos.
 O Desenvolvimento da Personalidade:
Este volume é uma coletânea dos estudos de Jung sobre a psicologia infantil. Jung considera a psicologia dos pais e educadores como normativa no processo de crescimento e maturação, principalmente no caso do “bem dotado”. Ele chama a atenção para a importância do relacionamento psicológico insatisfatório entre os pais como causa das perturbações psicogênicas da infância.
 O espírito na arte e na ciência:
Esse volume revela um dos aspectos mais interessantes apontados por, o indivíduo criativo enraizado no arquétipo. O livro inicia com dois estudos sobre o médico e alquimista Paracelsus, uma das figuras mais singulares da Renascença. Seguem-se dois trabalhos sobre Sigmund Freud tratado aqui da mesma forma, sob o aspecto histórico-cultural. A segunda metade da obra é dedicada à discussão sobre "Teorias e obras da arte e da literatura modernas". Dois estudos básicos sobre as relações entre possibilidades psicológicas de conhecimento e criação artística consagram o autor como um cientista quem conhece e respeita os limites de seus métodos.
 O eu e o inconsciente:
Embora discípulo e grande admirador da obra do mestre Freud, Jung seguiu seu caminho próprio, elaborou seu método e constitui hoje uma alternativa à visão freudiana dos fenômenos psíquicos. Conceitos como inconsciente coletivo, arquétipos, animus, anima e outros tantos estão ligados à psicologia analítica ou psicologia dos complexos. Através dele se deu a uma nova leitura dos arcaicos mitos da humanidade. Valorizou enormemente o fenômeno religioso e místico como uma das manifestações mais transparentes das profundezas do inconsciente coletivo.
 O Homem e seus Símbolos:
Obra para leigos, organizada por Jung e escrita por ele e seus colaboradores, com artigos de Aniella Jaffé, Marie-Louise fon Franz e outros.
 O Segredo da Flor de Ouro: Um Livro de Vida Chinesa:
No ano dee 1929 Jung e o sinólogo Richard Wilhelm publicaram “O Segredo da Flor de Ouro, um livro de vida chinesa”. O livro continha a tradução de um velho texto chinês, Tai I Ging Hua Dsung Dschi (O Segredo da Flor de Ouro), com seus próprios esclarecimentos e um comentário "europeu" de Jung. “A flor de ouro é um símbolo mandálico que encontrei muitas vezes nos desenhos de meus pacientes. Ela é desenhada a modo de um ornamento geometricamente ordenado, ou então como uma flor crescendo da planta. Esta última, na maioria dos casos, é uma formação que irrompe do fundo da obscuridade, em cores luminosas e incandescentes, desabrochando no alto sua flor de luz (num símbolo semelhante ao da árvore de Natal)”.
 Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo:
Uma das teorias mais conhecidas de C.G. Jung é a idéia dos arquétipos e de seu correlato, o conceito de inconsciente coletivo. Para Jung, o inconsciente coletivo é um segundo sistema psíquico da pessoa. Diferentemente da natureza pessoal de nossa consciência, ele tem um caráter coletivo e não pessoal. Jung o chama também de "substrato psíquico comum de natureza supra pessoal", que não é adquirido, mas herdado. Consiste de formas preexistentes, arquétipos, que só se tornam conscientes secundariamente. Este volume contém trabalhos dos anos 1933 à 1955.
 Psicogênese das doenças mentais:
Os ensaios de C. G. Jung sobre a psicogênese das doenças mentais ocupam lugar de destaque entre seus estudos ainda preponderantemente psiquiátricos. As publicações oriundas do encontro e do trabalho conjunto com August Forel e Eugen Bleuler garantiram-lhe um lugar eminente e definitivo no campo da pesquisa psiquiátrica. Esses escritos chamaram a atenção de Freud, ocasionando o encontro e a troca de opiniões entre os dois pioneiros da psicologia profunda. Jung foi um dos primeiros a pôr em prática a psicoterapia individual com pacientes esquizofrênicos. Já no começo do século estudou as relações psicológicas, de um lado, entre o pessoal e a administração dos hospitais psiquiátricos, e, de outro lado, a evolução da doença de seus pacientes tirando daí as conclusões necessárias para o tratamento adequado. J Jung afirma que, infelizmente, desde suas primeiras publicações, os conhecimentos sobre a essência desta doença mental permaneceram fragmentários podendo ser apresentados no máximo como esboços de estudos de casos individuais.
 Presente e Futuro:
No livro “Presente e Futuro” publicado no ano de 1957, Jung analisa no item “A Religião como Contrapeso à Massificação”, a interação da religião e estado e seus efeitos na população.
As religiões funcionam basicamente como um suporte para a avaliação sobre a existência objetiva, pois as suas fontes são a própria leitura do indivíduo a acerca das condições externas, e ainda uma reserva em relação às exigências que o dia-a-dia vem a nos impor, podemos citar como um desses fatores os efeitos da economia nas sociedades, onde conota-se como uma das poucas realidades possíveis para agregar os valores necessários para o sua existência.
 Psicologia e Religião Oriental:
O fenômeno religioso é uma constante nas investigações científicas de Jung, a ponto de ocupar um lugar central em seus escritos. Neste livro, de grande importância pela análise comparativa entre Psicologia e Religião Oriental, Jung aborda itens como:
- Comentário Psicológico sobre o Livro Tibetano da Grande Libertação;
- A Ioga e o Ocidente;
- Prefácio à obra de Suzuki: A Grande Libertação;
- Considerações em torno da Meditação Oriental;
-O Santo Hindu (Introdução à obra de H. Zimmer: "O Caminho que leva ao Si-Mesmo”);
-Prefácio ao I Ging.
 Psicologia da Religião Ocidental e Oriental:
Contém os principais estudos de Jung sobre o fenômeno religioso e a sua importância para o desenvolvimento psicológico do homem. Os ensaios contidos neste volume abordam a religiosidade oriental e ocidental, por meio dos quais o autor mostra que subjacentes a todas as religiões estão conteúdos arquetípicos, representações primordiais da alma humana.
 Psicologia do Inconsciente:
No decorrer dos anos foram feitas diversas novas edições submetidas a um contínuo processo de aperfeiçoamento e desenvolvimento pelo próprio autor. Sua intenção é simplesmente dar alguma orientação sobre as mais recentes interpretações da essência da psicologia do inconsciente.
 Psicologia e Religião:
Mantendo-se num plano rigorosamente científico, ele observou conscienciosamente toda espécie de manifestação daquilo que podemos chamar de fator religioso, tomado em sua amplidão universal, abrangendo, portanto, as representações religiosas tanto do homem primitivo bem como as formas diversas de religiões que se manifestaram nas fases mais avançadas da cultura humana ao longo dos séculos. Após essas investigações, Jung sentiu-se obrigado a reconhecer, "como conteúdos arquétipos da alma humana, as representações primordiais coletivas que estão na base das diversas formas de religião".
 O Símbolo da Transformação na Missa:
A missa é um mistério ainda bastante vivo, cujos primórdios remontam aos primeiros tempos do Cristianismo. Seria supérfluo insistir que essa vitalidade se deve a um dinamismo psicológico indubitável, e isso implica que a Psicologia deve estudá-lo.É óbvio que tal estudo só pode ser feito de um ponto de vista puramente fenomenológico, pois as realidades da fé ultrapassam o domínio da Psicologia. A exposição de Jung sobre o Símbolo da transformação na Missa está dividida em quatro partes.
 Resposta a Jó:
Jung ocupou-se vários anos com o problema central desta obra. O motivo imediato que o levou a escrever este livro foram certas questões, abordadas no seu livro" Aion", e de modo particular o problema de Cristo como figura simbólica e o problema do antagonismo Cristo-Anticristo, tal como vem expresso no simbolismo tradicional do signo zodiacal de Pisces. Se o Cristianismo reivindica para si a condição de religião monoteísta, a hipótese dos opostos presentes em Deus se faz necessária. Isto levanta um problema religioso de graves conseqüências: o problema de Jó.
A finalidade deste livro é mostrar a evolução histórica deste problema através dos séculos, desde Jó até os acontecimentos simbólicos mais recentes, como por exemplo, a “assumptio Mariae”.
 Símbolos da Transformação: Análise dos Prelúdios de uma Esquizofrenia:
"Símbolos da Transformação" é uma obra clássica da pesquisa sobre esquizofrenia, a primeira tentativa de aplicar as descobertas de e o pensamento simbólico-mítico a um caso de psicose. “O caso de Miss Miller é um exemplo clássico das manifestações do inconsciente que precedem um grave distúrbio psíquico”.
 Sincronicidade:
Sincronicidade é um princípio de conexões acausais. Fala sobre fatos determinados pelos instintos ou pelos arquétipos e que não podem ser compreendidos mediante o princípio da causalidade. Trata-se, de coincidências significativas que trazem uma nova dimensão à compreensão científica. A teoria da sincronicidade mostra-nos a existência de conexões entre os conhecimentos da moderna Física e a Psicologia Analítica, em um campo fronteiriço ainda bem pouco explorado e de difícil acesso à realidade. Trata-se de ler algumas páginas, não se trata absolutamente de uma descrição e de uma explanação completa destes complicados fenômenos.
 Tipos Psicológicos:
“Tipos Psicológicos” é fruto de quase vinte anos de trabalho no campo da psicologia prática. Foi surgindo aos poucos no plano mental: às vezes, das inúmeras impressões e experiências que Jung obteve na prática psiquiátrica e no tratamento de doenças nervosas; outras vezes, do relacionamento com pessoas de todas as camadas sociais; de discussões pessoais com amigos e inimigos e, finalmente, da crítica às suas próprias idiossincrasias psicológicas. Este volume trata sobretudo das atitudes típicas da consciência, isto é, da introversão e extroversão, e das funções orientadoras: pensamento, sentimento, sensação e intuição e de suas respectivas compensações no inconsciente.
 Um mito modernos sobre as coisas vistas no céu:
O boato mundial sobre os “discos voadores” coloca um problema que desafia também um psicólogo como Jung por uma série de motivos. A primeira pergunta é a seguinte: eles são reais ou simples produtos da fantasia? Esta questão não foi resolvida. ainda, de forma alguma. Se são reais, o que são, então? Se são fantasias, por que deveria existir um boato desses? Sabemos por experiência que notícias sobre a existência de OVNIS (Objetos Voadores Não Identificados) são sempre bem-vindas. A opinião pública concorda que se acredite que os OVNIS sejam reais, enquanto a descrença deve ser desencorajada. Há realmente uma tendência em se acreditar nos OVNIS, como também o desejo de que eles sejam reais. As páginas deste livro são uma tentativa de responder essas questões.

* Glossário com alguns temas abordados por Jung:
- Alquimia;
- Arquétipos;
- Autoconsciente;
- Contos de fada;
- Complexos;
- Ego;
- Inconsciente coletivo;
- Inconsciente pessoal;
- Indivuduação;
- Máscaras;
- Mitos;
- Recalque;
- Religião;
- Self;
- Símbolo;
- Sonhos
- Tipos psicológicos.
* Sobre Jung

Devido à sua importância, foram escritas diversas biografias sobre Jung, bem como artigos, teses e ensaios a respeito de sua obra e idéias. Nesse trabalho constam alguns dados que podem auxiliar as pessoas interessadas em conhecê-lo melhor.
No dia 29 de setembro de 2007, estavam disponíveis na internet 180 dados bibliográficos sobre Jung e 35 textos completos, totalizando um número de 215 fontes de informação a respeito do autor. Segue abaixo um levantamento encontrado em uma biblioteca virtual:
 Bases de dados bibliográficas (180):
- Index Psi Periódicos Técnico-Científicos (67);
- Index Psi Periódicos de Divulgação Científica (17);
- Index Psi Teses (35);
- LILACS - Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (61).
 Textos completos (35);
- PEPsic - Periódicos Eletrônicos em Psicologia (7);
- SciELO (28).
 Instituições de formação Junguiana na Bahia:
- Instituto Junguiano da Bahia;
- Psiquê Centro de Estudos C. G. Jung.